top of page
Japoatã SE (175).jpg

MEDO

Crônica-relâmpago

 

Estou encolhida embaixo da cama, enquanto lá fora a tempestade despeja sua ira molhada sobre a face da terra que, sôfrega e revolvida, abre-se em veios e esparge as águas-lágrimas na superfície de seu corpo violado.

Acendo a lanterna e ilumino a promessa do texto. Ali, embaixo da cama, palavras far-se-ão tempestades, fundarão veios, violarão a plenitude imaculada do papel.

Súbito, um raio atravessa fogoso a costada negra da noite e divide o infinito em antes e depois da explosão.

Sincrônicas e ritmadas, curvas insinuantes de letras que se amarram atravessam fogosas a costada branca da folha. A crônica irrompe definitiva e coloca o medo embaixo da cama.

Comigo.

- X -

Como o poema toca na questão do medo e suas fontes (umas que o criam artificialmente e outras trazidas por uma realidade violenta), lembrei de uma crônica que escrevi e que, de certo modo, revela o momento em que o medo faz par com a escrita: “Crônica-relâmpago”. A crônica foi publicada no e-book Catimbó, que reúne 100 crônicas de minha autoria. Apresento abaixo a capa do e-book e a crônica. Quem quiser acessar o e-book na íntegra, basta visitar https://www.ramalhochris.com/livros-books-livres-libros e clicar na imagem do livro. A referência da crônica é: RAMALHO, Christina. Crônica-relâmpago. In: _______. Catimbó. crônicas reunidas. Natal: LucGraf Virtual, 2018, p. 94.

Christina Ramalho

16/01/2021

bottom of page